As melhores práticas em currículos: pesquisa

A essência de escrever um currículo está em seguir certas regras de etiqueta. Esse estudo lhe mostrará o que é realmente necessário ter em mente.

Bruno Bertachini
Bruno Bertachini
Especialista em carreira
As melhores práticas em currículos: pesquisa

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Nós tratamos currículos como um assunto sério, e você também deveria. Afinal, é um pedaço de papel (ok, uma cópia digital de um) que pode impactar sua trajetória profissional. Dá um certo medo, não é mesmo?

O ponto é… escrever um currículo é um jogo que tem algumas regras não escritas estabelecidas por recrutadores e aqueles que decidem quem será contratado. Isso te parece injusto? Como você pode vencer desse jeito?

Não se preocupe. Conversamos com aqueles que estabelecem essas regras. Eles nos disseram tudo o que sabiam. Agora compartilharemos com você.

Continue lendo para desvendar os segredos do currículo e vencer os recrutadores em seu próprio jogo. Tudo se resume em seguir algumas melhores práticas.

O que fazer (e o que evitar)

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Recrutadores veem milhares de currículos todos os dias e, dependendo da fonte, gastam em média entre 6 e 15 segundos em cada documento. Isso significa que seu tempo é precioso, mas ainda mais importante, significa que seu CV deve chamar a atenção imediatamente.

Um currículo digno de te conseguir uma posição deve ser organizado de maneira padrão. O principal é incluir as seções tradicionais na ordem correta.

Resumindo:

  • Informação para contato
  • Perfil profissional (objetivo ou resumo)
  • Experiência laboral
  • Educação
  • Habilidades

Esses são os pontos básicos, dos quais praticamente todos os entendidos de currículo que pesquisamos concordam: 9 entre 10 profissionais envolvidos em criação de currículos recomendam incluir todas as seções acima.

O problema é que “os pontos básicos” nem sempre são o bastante…

Dentre nossos respondentes, 87% disse ser vantajoso incluir alguns detalhes a mais em seu currículo. Idealmente: links para portfólio, publicações ou uma seção separada para projetos, cursos e treinamentos adicionais.

Saber que seções incluir em seu currículo é uma coisa, mas quais dados colocar em cada uma delas?

Às vezes, não é tão simples quanto parece.

Por exemplo, hoje, incluir um link para seu perfil no LinkedIn na parte de informações para contato é praticamente esperado: 96% dos especialistas em currículos sugerem que você o faça.

Além disso, se você é um estudante ou tem menos de um ano de experiência profissional, você deveria incluir detalhes adicionais relativos à sua educação. Por exemplo, a sua nota média na universidade. Isso na opinião de 88% dos nossos respondentes.

Para candidatos com algo entre 2 e 5 anos de experiência, 67% dos especialistas em currículos ainda recomendam incluir esses detalhes.

Já se você trabalhou por mais de 5 anos, 9 entre 10 respondentes disseram que a melhor opção é manter a seção de educação sucinta.

Quais seções ou informações *não* incluir em currículos?

  • 90% dos especialistas disseram que você não deve incluir uma lista de hobbies e interesses se você tem mais de 5 anos de experiência.
  • Para candidatos com menos experiência que isso, incluir tais passatempos ainda é arriscado: 77% dos respondentes aconselhou não colocar.
  • Você não deve listar suas referências no currículo, segundo 89% dos especialistas no assunto.
  • De maneira similar, 88% aconselharam não incluir frases como “referências disponíveis mediante solicitação”.

O propósito da sessão de hobbies e interesses, nos anos 90, era dar “humanizar” o candidato em um documento que geralmente tem um tom robótico. Hoje, essa é uma prática obsoleta. Vamos ser sinceros, seus interesses pessoais impactam pouco no seu desempenho profissional e é ele que deve ser fator de decisão na hora da contratação. Listar passatempos no currículo cria uma situação um pouco “pessoal” demais e até antiprofissional.

Falando em "antiprofissional", incluir referências no currículo também foi classificado desta maneira. Não apenas é uma prática em desuso, mas pode quebrar algumas regras de proteção de dados pessoais em relação à referência. Quanto à frase “referências disponíveis mediante solicitação”, ela só ocupa espaço. O recrutador já sabe que pode pedir referências, certo?

Quantos detalhes incluir no currículo?

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Falamos sobre que sessões incluir no currículo e alguns dados que você deve omitir. Quanto ao conteúdo dessas sessões, o que deve entrar? Quanta informação você deve incluir?

Vamos discutir o resultado da pesquisa.

A parte mais importante de um currículo, de acordo com o estudo Jobvite Recruiter Nation Report, e muitos outros, de diferentes países, a parte mais importante de um currículo é a sessão de experiência profissional (67% dos recrutadores prestam mais atenção para ela). Veja o que precisa fazer para criar essa sessão seguindo as melhores práticas, de acordo com especialista:

Limite-se a 15 anos de experiência relevante

Quanto questionados sobre o quanto um candidato deveria “voltar no tempo” ao mencionar seu histórico laboral, recrutadores tipicamente responderam com um dos três intervalos de tempo:

  • 10 anos: 33% dos respondentes
  • 15 anos: 35% dos respondentes
  • 20 anos: 22% dos respondentes

A mediana ficou em 15 anos para a maior parte dos profissionais.

Obviamente, estamos falando de experiências relevantes para a vaga em questão. Se, no começo da sua carreira, você fez bicos não relacionados à sua profissão, não coloque no currículo, mesmo que isso signifique que seu CV só irá cobrir os últimos 10 anos.

Claro, se você for um executivo experiente buscando uma vaga altíssima e está confiante que demonstrará melhor seu valor incluindo mais do que apenas os últimos 15 anos profissionais, vá em frente e inclua-os. Mas apenas se estiver seguro que está agregando valor ao currículo.

Use uma lista com até 6 itens por posição

Também perguntamos aos especialistas sobre o número máximo de linhas em uma lista que candidatos usam para descrever suas responsabilidades e conquistas em cada cargo profissional no currículo. As respostas variaram de 4 a 10, sendo as mais comuns:

  • 4 ou menos: 12%
  • 5: 27%
  • 6: 24%
  • 7: 16%
  • 8: 11%
  • 9 ou mais: 10%

A média foi de 6,125 e a mediana 6. É um número razoável, e uma regra que você deve considerar seguir. 

Lembre-se: recrutadores querem currículos personalizados para a vaga específica (dados da Careerbuilder mostraram que 54% dos recrutadores rejeitariam um currículo genérico). Se você escolher até 6 conquistas profissionais relevantes e descrevê-las em forma de lista, para cada posição, será o suficiente para lhe apresentar como o candidato ideal, sem matar o leitor de tédio.

Use sim listas, evite parágrafos

Recentemente, virou moda incluir um parágrafo abaixo de cada descrição de cargo em currículos, antes de incluir a boa e velha lista. Isso não é recomendável.

Dentre os respondentes, 86% sugeriu manter apenas as listas. Isso faz com que o documento seja mais fácil de “passar os olhos” e procurar informações específicas. Além disso, um CV não é lugar para uma narrativa. Listas fazem sua escrita ficar sucinta.

Explique lacunas na sua carreira, se tiver

Oh! Aquela impertinente lacuna na carreira! O que fazer se você tiver um espaço de tempo vazio entre um trabalho e outro? Talvez você consiga esticar um pouquinho os outros trabalhos para que não fique tão feio? Ou simplesmente esperar que ninguém note?

Não. Seja honesto antecipadamente.

  • 73% dos especialistas diz que você deve explicar espaços em branco no histórico laboral.
  • 14% sugere que você ignore tais lacunas.
  • Apenas 12% julga que você precisa dar um jeito de escondê-las.

Seja qual for a razão para a lacuna na carreira, é melhor descrever o que você fez durante aquele tempo de maneira sucinta do que fazer com que os recrutadores imaginem o pior cenário possível.

Finalmente, não fique obcecado com períodos em que você não trabalhou. Uma pesquisa da American Economic Association mostrou que recrutadores geralmente ignoram espaços em branco no histórico, contando que uma experiência relevante venha em seguida. Além disso, para que uma lacuna na carreira realmente prejudique suas chances de ser contratado, ela tem que ser maior que 9 meses.

“Não julgue um livro pela capa”

Desculpa, eu estava brincando. Um currículo é a sua capa na hora de buscar um emprego. Você será julgado. Preste atenção ao layout, design e apresentação. Seguem alguns pontos importantes, de acordo com os especialistas em contratação que entrevistamos:

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Envie um currículo de uma página somente se você tiver menos de 5 anos de experiência

A crença comum é a de que um currículo deve ter apenas uma página. Está errado. Ao menos no caso de candidatos experientes:

  • 95% dos especialistas creem que um CV de uma página é a melhor prática para quem tem menos de um ano de experiência.
  • 82% defendem um CV de uma página para candidatos com experiência de 1 a 5 anos.
  • 49% dizem que um CV de uma página também é ideal para quem tem entre 5 e 10 anos de experiência.
  • Apenas 27% crê que um CV de uma página funciona para profissionais com mais de 10 anos de experiência laboral.

Essa não é apenas uma opinião compartilhada entre especialistas. Um currículo de duas páginas é a melhor opção segundo dados numéricos. Recrutadores tem 2,9x mais chances de escolher um candidato com um currículo de duas páginas para cargos de supervisor ou gerente, e 1,4x mais chances para posições de início de carreira e intermediários.

Quando falamos de “uma página” ou “duas páginas”, encontramos um problema semântico. Estamos limitados a currículos feitos apenas com páginas cheias? Claro que não. O que pensar, então, sobre currículos com uma página e meia?

A opinião mais popular entre os especialistas (44%) é a de que não há problemas em deixar a segunda página preenchida até a metade. Já 28% diz que você deve tentar cortar e combinar informações até chegar em apenas uma página, enquanto outros 28% sugerem que você deva tentar expandir seu curriculum vitae até chegar em duas páginas completas. Isso pode ser feito também através do controle do espaçamento e margens, ou incluindo linhas em branco que além de facilitarem a leitura fazem seu currículo parecer mais completo.

A não ser que seja pedido algo diferente, envie seu currículo como um arquivo .PDF

Perguntamos especialistas em contratação sobre suas preferências em relação ao formato dos currículos recebidos. De propósito, fizemos essa questão de maneira fechada, permitindo apenas duas respostas. Tinha que ser ou PDF, ou DOC. Ninguém pôde escolher os dois, ou dizer que tanto faz. O resultado?

  • 65% escolheu PDF.
  • 35% preferiu DOC.

PDFs são, geralmente, uma escolha mais segura. Salvar o texto em PDF assegura que o layout vai ficar intacto em uma gama vasta de softwares e dispositivos. Porém...

Arquivos em DOC são um pouco mais amigáveis para ATSs, que são softwares que leem currículos e filtram candidatos antes que os recrutadores humanos os olhem. No fim das contas, se a vaga pede um currículo em DOC, mostre que você sabe interpretar o que lhe é pedido e envie o CV neste formato.

Escolha as fontes padrões

Qual a melhor fonte para um currículo? Bem, é claro que a resposta varia de acordo com preferências pessoais. Quando perguntados sobre fontes, a maioria dos especialistas de RH escolheu fontes tradicionais e conservadoras. Essas foram as opções mais populares:

  • Calibri: 44%
  • Times New Roman: 13%
  • Arial: 11%
  • Helvetica: 8%
  • Garamond: 6%

A verdade é que, no fundo, a escolha da fonte não vai ser um fator decisivo na sua contratação, contando que você tenha bom senso. Escolha uma fonte que você gosta, e se preocupe mais com o conteúdo. É uma boa ideia, porém, priorizar fontes que sejam acessíveis para todos os tipos de programa usados para ler textos. Não invente muito com fontes super diferentes que você encontrou na internet.

Não seja criativo demais

Seu curriculum vitae deve chamar a atenção, mas não tente fazer um documento com um visual demasiadamente diferente.

Dos respondentes, 84% recomendam que candidatos não escrevam currículos com aspectos considerados criativos (por exemplo, infográficos, layouts fora dos padrões que os recrutadores estão acostumados, etc.).

A cultura popular, nos anos recentes, fez o conceito de “vídeo currículos” algo existente. Como outras formas não padronizadas de currículos, enviar um currículo em formato de vídeo é arriscado, e 80% dos nossos respondentes não recomendam.

Um último conselho que merece um capítulo só para ele, para garantir que você o notará

No final, pedimos aos respondentes para nos dizer qual o melhor conselho que eles dariam para um amigo.

A vasta maioria deles disse a mesma coisa (e eu concordo que é a melhor dica de todas!).

Todo currículo que você enviar deve ser criado focando na posição que você está buscando.

Garanta que você personalize seu currículo de acordo com a posição para a qual você está se candidatando. —
Foque cada currículo na posição que você busca e inclua métricas que provem conquistas relevantes do passado.
Não existe um currículo pronto que seja perfeito para todas as vagas. Você realmente precisa escrevê-lo de acordo com o que lê no anúncio da vaga de trabalho.

Eu poderia continuar dando exemplo, mas sei que você já captou a mensagem.

Dentre todos os especialistas em currículos, 92% disse ser uma boa ideia usar um currículo genérico para todas as vagas para as quais você concorrer, e 99% pensa que se você não usar palavras-chave certas para o anúncio da vaga você está cometendo um erro sério.

Metodologia e limitações

Para esse estudo, entrevistamos 97 Certified Professional Résumé Writers (CPRW) que obteram suas certificações através do The Professional Association of Résumé Writers & Career Coaches™. Dentre os respondentes, 64 eram mulheres e 33 eram homens, 4 tinham 24 anos ou menos, 36 tinham entre 25 e 38 anos, 49 tinham entre 39 e 58 anos e 8 tinham 59 anos ou mais.

Na pesquisa, fizemos 5 perguntas fechadas, 3 perguntas abertas e 16 questões baseadas em escalas relativas à percepção sobre vários assuntos relacionados com currículos.

Os dados são baseados em autorrelatos feitos online após triagem de elegibilidade. Cada participante respondeu sem nenhuma administração ou interferência dos pesquisadores. Os possíveis problemas com dados auto-relatados incluem, mas não estão limitados a exagero, memória seletiva e erros de atribuição. Algumas perguntas e respostas foram reformuladas para maior clareza e facilidade de compreensão para os leitores. Em alguns casos, as porcentagens apresentadas podem não somar 100%. Isso é devido a arredondamentos ou devido a respostas de "nenhum / outro / não sei" terem ficado fora da conta.

Fontes

  • https://doi.org/10.1257/aer.104.3.1014
  • https://www.jobvite.com/lp/2019-jobvite-recruiting-benchmark-report/ 
  • https://doi.org/10.1080/13594320902903613 
  • https://www.careerbuilder.com/advice/new-study-shows-job-seekers-what-hiring-managers-really-want
  • https://www.gallup.com/workplace/238085/state-american-workplace-report-2017.aspx
  • https://resources.glassdoor.com/50-hr-recruiting-stats-2019.html
  • https://clutch.co/hr/recruiting/statistics-average-job-search-2018
  • https://resources.entelo.com/download-2018-entelo-recruiting-trends-report

Declaração de uso justo

Fique à vontade para compartilhar nosso estudo! Os gráficos e o conteúdo encontrados aqui estão disponíveis para reutilização não comercial. Apenas se certifique de linkar para esta página para dar ao autor o devido crédito.

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Bruno Bertachini
Escrito porBruno Bertachini
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Com 10 anos de experiência trabalhando em RH, Bruno escreve sobre carreira, criação de currículos e busca de emprego. Membro da Associação Profissional de Redatores de Currículos e Coaches de Carreira (PARWCC), Bruno escreveu mais de 100 artigos para a ResumeLab desde 2021.

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